A Síndrome de Asperger é um transtorno neurobiológico enquadrado dentro da categoria de transtornos globais do desenvolvimento. Ela foi considerada, por muitos anos, uma condição distinta, porém próxima e bastante relacionada ao autismo. Agora, a Síndrome de Asperger é classificada como uma forma mais branda da condição.
Em maio de 2013, no entanto, foi lançada a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), que trouxe algumas mudanças importantes, entre elas novos diagnósticos e alterações de nomes de doenças e condições que já existiam.
A Síndrome de Asperger, assim como o autismo, foi incorporada a um novo termo médico e englobador, chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Com essa nova definição, a síndrome passa a ser considerada, portanto, uma forma mais branda de autismo.
Dessa forma, os pacientes são diagnosticados apenas em graus de comprometimento, dessa forma o diagnóstico fica mais completo.
O Transtorno do Espectro Autista é definido pela presença de “Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, atualmente ou por história prévia”, de acordo com o DSM-V.
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Como a Síndrome de Asperger só foi reconhecida recentemente como um transtorno do espectro autista, o número exato de pessoas portadoras da doença ainda não é exato.
Estimativas mostram que a ocorrência do transtorno pode ser mais comum do que se acreditava: uma entre 250 crianças aparentemente são diagnosticadas com a síndrome. Outros números dos Estados Unidos mostram que a incidência da doença pode ser bem menor (uma em cada dez mil crianças, aproximadamente).
Os sintomas da Síndrome de Asperger podem variar de pessoa para pessoa, e variam também de intensidade e gravidade. Os sinais mais comuns incluem:
Introspeção e problemas com habilidades sociais: crianças com Síndrome de Asperger geralmente têm dificuldade para interagir com outras pessoas e muitas vezes comportam-se de forma estranha em situações sociais.
Portadores desse distúrbio geralmente não fazem amigos facilmente, pois têm dificuldades em iniciar e manter uma conversa.
Comportamentos excêntricos ou repetitivos: crianças com essa condição podem desenvolver um tipo de comportamento incomum e singular, que envolve movimentos repetitivos e estranho, como, por exemplo, torcer as mãos ou os dedos.
Práticas e rituais incomuns: uma criança com Síndrome de Asperger pode desenvolver rituais que ele ou ela se recuse terminantemente a alterar, como se vestir obrigatoriamente em uma ordem específica, por exemplo.
Dificuldades de comunicação: as pessoas com este transtorno costumam não fazer contato visual ao falar com alguém. Elas podem ter problemas ao usar expressões faciais e ao gesticular, bem como podem apresentar dificuldade para compreender a linguagem corporal e a linguagem dentro de um determinado contexto e costumam ser muito literais no uso da língua.
Interesses bastante focados: a criança com Síndrome de Asperger pode desenvolver um interesse intenso e quase obsessivo em algumas atividades e áreas, tais como prática de esportes, clima ou até mesmo mapas.
Problemas de coordenação: os movimentos de crianças com Síndrome de Asperger podem parecer desajeitados ou constrangedores.
Habilidades e talentos: muitas crianças com Síndrome de Asperger são excepcionalmente inteligentes, talentosas e especializados em uma determinada área, como a música ou a matemática.
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A causa exata da Síndrome de Asperger, assim como do Transtorno do Espectro do Autismo, ainda não é conhecida. Os cientistas, por outro lado, acreditam que uma anormalidade no cérebro das crianças portadoras seja a causa mais provável.
Outras doenças, como depressão e transtorno bipolar, também podem estar relacionados à Síndrome de Asperger e ao Transtorno do Espectro Autista.
Ao contrário do que algumas pessoas costumam pensar, a Síndrome de Asperger não é causada pela privação emocional ou por uma forma específica que os pais educam seus filhos. Também é uma mentira que vacinas causem Asperger.
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Os diagnósticos em psiquiatra, em grande parte, seguem as recomendações presentes no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês).
De acordo com a última versão publicada, em que autismo e Asperger se englobam em Transtorno do Espectro Autista, agora só há dois grupos de sintomas necessários para que o psiquiatra, em conjunto com um pediatra, possa realizar o diagnóstico.
Antes havia três. Agora, os sintomas de interação e comunicação social foram agrupados em um só grupo. Confira:
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Déficit na reciprocidade das interações sociais, déficits nos comportamentos não-verbais, dificuldade de desenvolver e manter conversas, diálogos e relacionamentos.
Presença de um padrão repetitivo e restritivo de atividades, interesses e comportamentos
Além disso, uma das dúvidas que ainda permeia a mudança acontecida no DSM é a conduta frente aos pacientes já diagnosticados de acordo com os critérios anteriores, ou seja, se as pessoas anteriormente diagnosticadas com Síndrome de Asperger devem ser reclassificadas ou se o diagnóstico será mantido.
Revisado por Dra. Evelyn Vinocur, psiquiatra e mestre em neuropsiquiatria pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e psicoterapeuta cognitivo comportamental, especializada em Saúde Mental da Infância e Adolescência pela Santa Casa de Misericórdia do Estado do Rio de Janeiro (SCMRJ) e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Membro associado da Associação Brasileira de Psiquiatria (CRM-RJ: 303514)
DSM-V, American Psychiatric Association - Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais 5ªed. Edit. Artes Médicas