Por Eliseu Lopes dos Santos
Com o passar dos anos, as rugas começam a marcar nosso rosto, e, com elas, aprendemos a lidar melhor com tudo que a vida nos apresenta. Os óculos de grau, que antes serviam apenas para a leitura, agora ajudam a ver mais longe, sinalizando que é hora de enxergar a vida de outra forma. O tempo, com sua sabedoria, vai esculpindo nossa individualidade, alicerçando nossa personalidade, e nos ensinando uma verdade fundamental: a perfeição da vida reside exatamente no fato de ela nunca ser completamente perfeita. E, mesmo assim, é preciso abraçá-la com amor, como ela vier.
Os cabelos, que teimam em desaparecer com o tempo, nos ensinam a sermos mais sinceros e a valorizar o que realmente importa. A maturidade nos oferece coragem, simplicidade, humildade, bondade, verdade. Ela é a palavra que define esse momento da vida. Ser maduro não é apenas ser adulto. Ser maduro é ter coragem, é ter opinião, é cultivar amor-próprio, é adquirir uma visão diferenciada sobre o que antes parecia comum. Maturidade é saber apreciar devagar os momentos que a juventude, com sua pressa, deixa passar despercebidos. É ser simples, porém intenso; humilde, mas com um orgulho que nos protege.
Amadurecer é aprender a aproveitar a viagem, sem se preocupar excessivamente com o destino final. É aprender a lidar com os impulsos, a dominá-los e superá-los, algo que a energia da juventude raramente permite. A maturidade nos ensina a compreender a vida sem ilusões, a navegar pelos dias com tranquilidade, a aceitar os erros com menos sofrimento e a realizar nossos desejos com mais determinação.
Maturidade é saber dizer "não" quando necessário, e "sim" quando for preciso. É saber quando baixar a cabeça e quando ergui-la, sem perder o equilíbrio. Nem tolo, nem esperto demais: apenas sábio o suficiente para não se importar com coisas pequenas. Maturidade é driblar os imprevistos com bom humor, responder ao ódio com amor, rir das provocações, entender as indiretas e rir ainda mais. É responder à negatividade com desprezo, mas sempre com respeito.
Amadurecer é perceber que não precisamos mais desejar a vida do outro. É querer, ter e aceitar a nossa própria. É seguir em busca do que acreditamos, sem dar ouvidos aos pessimistas. Amadurecer não é envelhecer, não é se tornar velho. Não está ligado à idade, não é um número. Amadurecer é a bagagem que acumulamos ao longo do tempo, o conhecimento adquirido com as lições que a vida nos dá. Essa sabedoria chega devagar, vai se estabelecendo, moldando-nos, fazendo morada nas palavras, nos atos, nas escolhas que fazemos.
A maturidade se reflete nos sonhos realizados sem necessidade de anúncios, nas vitórias sem palanques, nos momentos eternos sem registros. São os dias inesquecíveis que não precisam ser postados para que sejam lembrados. A maturidade é o resumo das batalhas, das lágrimas, das alegrias e conquistas. Ela nos ensina a lidar com as doçuras e amarguras da vida, com os momentos azedos e as delícias, com o vigor e a preguiça.
É o equilíbrio da balança da vida. Maturidade é confiar na esperança, acreditar na nossa fé, é chegar ao ápice da juventude sem perder a essência, sem apodrecer. A adolescência já ficou para trás. A velhice é uma escolha, depende de como vivemos. A maturidade é o período mais longo de nossas vidas, e devemos atravessá-lo com consciência, sabendo quem nos tornamos, compreendendo que somos todos iguais.
Todo caminho percorrido, todos os sonhos imaginados, todos os objetivos alcançados, servem para uma única certeza: a felicidade caminha de mãos dadas com a maturidade. E essa felicidade não depende de posses, títulos, bens, companhias, idades, empregos, dores ou amores. Ela depende apenas de aceitarmos ser quem somos e de percebermos que chegou o momento de cuidar de nós mesmos e de viver em paz.